Aos Bichos da Inglaterra, do Brasil… do mundo todo!

Matheus Pires Cardoso
3 min readJun 19, 2021

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Após a morte do porco ancião, os animais da Granja Solar decidem fazer uma revolta e tomar a fazenda para si para enfim sair das mãos opressoras e oportunistas dos humanos. A partir daí, acompanhamos todo o desenrolar de uma fábula que nada mais é que uma sátira à extinta União Soviética e que agora serve como uma bofetada a todos aqueles que estão se “elameando” na ignorância, enquanto as mãos totalitárias de agentes do Estado tomam um a um as liberdades adquiridas, que são entregues sem qualquer resistência, melhor são oferecidas como um sacrifício ou necessidade para que o “pior não aconteça”.

Ler A revolução dos bichos foi uma experiência que misturou divertimento, apreensão e um certo incômodo. George Orwell queria escancarar a verdadeira face da URSS, mesmo que para isso fosse preciso fazer uma fábula com animais representando os figurões que a comandavam. As intenções do escritor era desmitir todas as impressões que os de fora tinham do império socialista. Orwell imprimiu em seus personagens e cenários a verdade por detrás da cortina de ferro, e o fez com classe. Mas a sátira apesar de parecer datada a época da Guerra Fria ela caí bem em qualquer época. O divertimento que tive lendo este pequeno livro é a fluidez que tudo ocorre. Não é difícil embarcar na trama e se acostumar com as ações antropomórficas dos animais. Além disso Orwell sabe laçar a isca no leitor fazendo-o desejar ler até a última página sedento para saber o que será dos pobre animais da fazenda. Senti apreensão pelo fato de que todo o desenrolar, o clímax e o desfecho são todos consequências de um único fator: a ignorância. Os porcos na fábula são os mais inteligentes, eles sabem ler e escrever. Já o restante mal sabe o alfabeto e se sustentam na sabedoria dos porcos e como um velho ditado diz “ em terra de cego, caolho é rei!” os porcos dominam a fazenda e se estabelecem como uma elite e controlam todos que na sua ignorância perecem nas ludibriações dos suínos ditadores. E é aí que entrou minha apreensão a arma principal usada pelos suínos para subjugar os outros, até aqueles que possuem força para detê-los, era a ignorância. A estupidez dos animais permitiam que os porcos controlasse suas escolhas, ações e até a memória. Todos os obedeciam porque se o não fizesse “os humanos voltariam”, como os porcos eram os únicos que sabiam ler e escrever eles constantemente alteravam os fatos ao seu bel prazer, refaziam as regras e se algo desse errado culpavam um “porco” expiatório e mesmo que a dura realidade mostravam que tudo ia de mal a pior todo uma ludibriação (digna de político brasileiro, eu diria) era feita para que mostrasse que na verdade eles estavam melhor do que antes. Terminei A revolução dos bichos reflexivo, um livro que me tomou poucas horas me deixou outras mais pensativo. Orwell queria conversar com seus contemporâneos e conseguiu falar com seus predecessores, e pelos tempos turvos em que vivemos Orwell se torna quase um profeta prevendo a queda de um povo imerso na estupidez.

Mas essa é somente uma breve reflexão que tive do livro A Revolução dos Bichos.

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